Foguetes, lérias, brisas do Tâmega, papos de anjo e São Gonçalos. Estes são os doces conventuais de Amarante que puseram as confeitarias da Ponte e a Lalai no mapa da gula. Mas a cidade tem muito mais para descobrir: boa comida, bons vinhos, hotéis com vista para o rio Tâmega, arte e literatura. Está tudo no tema de capa da VISÃO Se7e, esta quinta, 28, nas bancas








As receitas não ficaram no segredo dos deuses, nem arderam juntamente com o Convento de Santa Clara de Amarante, por altura das Invasões Francesas. Como fiel depositária das criações culinárias das clarissas ficou a aristocracia da região que, em boa hora, decidiu partilhar, com as confeitarias da terra, os pesos e as medidas dos foguetes, lérias, brisas do Tâmega, papos de anjo e São Gonçalos. Estes doces conventuais continuam a ser a principal fonte de receita da Confeitaria da Ponte, a casa mais antiga de Amarante, criada em 1930, e das poucas que sempre se manteve em laboração, num edifício na margem esquerda do Rio Tâmega, logo a seguir à ponte de S. Gonçalo.
No workshop promovido pela empresa turística Inside Experiences, os participantes são convidados a acompanhar a confeção, no piso inferior ao do atendimento da Confeitaria da Ponte. Durante cerca de uma hora, assiste-se ao meticuloso trabalho manual das mestres doceiras, algumas com 40 anos de ofício, desde a preparação do recheio, feito com 260 ovos e 12 quilos de açúcar, à sua distribuição pelas diferentes especialidades. “Os papos de anjo e os foguetes são os que têm mais saída”, diz Ricardo Ribeiro, proprietário da confeitaria desde 2010. São também os doces mais trabalhosos: o primeiro, uma folha de hóstia recheada, recortada à mão, em meia lua, e depois coberta de grãos de açúcar; o segundo, um funil feito igualmente de folha de hóstia, recheado de doce de ovos, mergulhado em calda de açúcar e levado ao forno. “Se comermos apenas um, temos calorias para um dia inteiro”, brinca Ricardo Ribeiro. Após as explicações e tiradas todas as dúvidas, é a hora da prova, com Vinho Verde da região a cortar a doçura.
No rasto de Amadeo de Souza-Cardoso, descobrimos uma cidade feita de confeitarias de doces conventuais, restaurantes que servem os sabores da região com bom vinho a acompanhar, hotéis com varanda para o rio, e onde a arte e a literatura estão a cada esquina. Vamos a Amarante?