Foguetes, lérias, brisas do Tâmega, papos de anjo e São Gonçalos. Estes são os doces conventuais de Amarante que puseram as confeitarias da Ponte e a Lalai no mapa da gula. Mas a cidade tem muito mais para descobrir: boa comida, bons vinhos, hotéis com vista para o rio Tâmega, arte e literatura. Está tudo no tema de capa da VISÃO Se7e, esta quinta, 28, nas bancas

Joana Loureiro

JOANA LOUREIRO

Lucília Monteiro

LUCÍLIA MONTEIRO

As brisas do Tâmega são recheadas com doces de ovos e cobertas com calda de açúcar
As brisas do Tâmega são recheadas com doces de ovos e cobertas com calda de açúcar
A minuciosa confeção dos foguetes
A minuciosa confeção dos foguetes
Os São Gonçalos têm uma textura tipo pudim, conseguida na cozedura no forno em banho-maria
Os São Gonçalos têm uma textura tipo pudim, conseguida na cozedura no forno em banho-maria
As folhas de hóstia dos papos de anjo são cortadas em meia lua
As folhas de hóstia dos papos de anjo são cortadas em meia lua
No workshop promovido pela empresa turística Inside Experiences, assiste-se ao meticuloso trabalho manual das mestres doceiras, algumas com quarenta anos de ofício
No workshop promovido pela empresa turística Inside Experiences, assiste-se ao meticuloso trabalho manual das mestres doceiras, algumas com quarenta anos de ofício
A prova dos doces conventuais, no final do workshop, é feita com Vinho Verde da região
A prova dos doces conventuais, no final do workshop, é feita com Vinho Verde da região

As receitas não ficaram no segredo dos deuses, nem arderam juntamente com o Convento de Santa Clara de Amarante, por altura das Invasões Francesas. Como fiel depositária das criações culinárias das clarissas ficou a aristocracia da região que, em boa hora, decidiu partilhar, com as confeitarias da terra, os pesos e as medidas dos foguetes, lérias, brisas do Tâmega, papos de anjo e São Gonçalos. Estes doces conventuais continuam a ser a principal fonte de receita da Confeitaria da Ponte, a casa mais antiga de Amarante, criada em 1930, e das poucas que sempre se manteve em laboração, num edifício na margem esquerda do Rio Tâmega, logo a seguir à ponte de S. Gonçalo.

No workshop promovido pela empresa turística Inside Experiences, os participantes são convidados a acompanhar a confeção, no piso inferior ao do atendimento da Confeitaria da Ponte. Durante cerca de uma hora, assiste-se ao meticuloso trabalho manual das mestres doceiras, algumas com 40 anos de ofício, desde a preparação do recheio, feito com 260 ovos e 12 quilos de açúcar, à sua distribuição pelas diferentes especialidades. “Os papos de anjo e os foguetes são os que têm mais saída”, diz Ricardo Ribeiro, proprietário da confeitaria desde 2010. São também os doces mais trabalhosos: o primeiro, uma folha de hóstia recheada, recortada à mão, em meia lua, e depois coberta de grãos de açúcar; o segundo, um funil feito igualmente de folha de hóstia, recheado de doce de ovos, mergulhado em calda de açúcar e levado ao forno. “Se comermos apenas um, temos calorias para um dia inteiro”, brinca Ricardo Ribeiro. Após as explicações e tiradas todas as dúvidas, é a hora da prova, com Vinho Verde da região a cortar a doçura.

No rasto de Amadeo de Souza-Cardoso, descobrimos uma cidade feita de confeitarias de doces conventuais, restaurantes que servem os sabores da região com bom vinho a acompanhar, hotéis com varanda para o rio, e onde a arte e a literatura estão a cada esquina. Vamos a Amarante?

http://visao.sapo.pt/actualidade/visaose7e/comer-e-beber/2019-02-27-Prazer-sem-culpa-Os-doces-conventuais-de-Amarante-adocam-nos-a-boca